quarta-feira, 13 de junho de 2012

Informativo

Falta de investimento em assistência estudantil penaliza alunos da Uern

A falta de investimento em assistência estudantil na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) tem prejudicado o alunado da instituição. Isso acontece porque a maioria dos estudantes é proveniente das classes populares e, quando entram na Universidade, precisam custear despesas com alimentação, transporte, material didático, entre outros. As dificuldades são ainda maiores para os que não moram na cidade onde estudam e precisam pagar moradia. Dessa forma, os alunos têm dificuldade em se manter na Uern.

Segundo a professora Kelânia Freire, diretora do Departamento de Assuntos Estudantis (DAE), são oferecidos alguns benefícios através do departamento. São eles: residências universitárias; auxílio para participação em eventos; custeio dos Centros Acadêmicos; estágios e seguro de vida; e atendimento psicossocial.

As residências universitárias são voltadas para estudantes carentes que não residem na cidade onde estudam. A Uern conta com cinco moradias, todas em Mossoró. Três são masculinas e ficam localizadas nos bairros Costa e Silva (ao lado do Campus Central da Uern), Centro e Aeroporto. As duas femininas são no Centro. Para esses estudantes, a Universidade deve oferecer o aluguel da residência, água, energia, gás, um auxiliar de serviços diversos e assistência odontológica. Dentro do programa das residências são atendidos 180 jovens.

De acordo com Kelânia Freire, já existe um projeto de construção das residências dentro do Campus Central da Uern. Para isso, seriam necessários R$ 300 mil, valor que não consta no orçamento da Universidade para o investimento nesse programa. Por falta de dinheiro, a professora afirma que água e energia já chegaram a ser cortadas. Por esse mesmo motivo, o seguro de vida dos residentes também não está sendo pago.

A falta de dinheiro pode ser percebida no Orçamento 2012 da Uern. Para o custeio da Universidade (água, energia elétrica, telefone, combustível, material de limpeza e expediente, entre outros) ficou assegurado R$ 7,6 milhões. No entanto, mais de R$ 1 milhão está contingenciado pelo Governo do Estado, sobrando somente R$ 550 mil, por mês, para custear os seis campi e 11 núcleos da Uern espalhados por todo o Rio Grande do Norte.

O acadêmico do Curso de Letras com habilitação em Língua Portuguesa, Evandro Pereira, é do município de Olho D’água do Borges, distante aproximadamente 120 km de Mossoró, e mora em uma residência da universidade. Para ele, ser residente “é algo bem distinto daquilo que imaginava antes, dado o fato de, em primeiro lugar ser um local sem as mínimas condições aceitáveis para um bom desenvolvimento dos estudos”, e ainda por acreditar não haver um compromisso sério da universidade para com aqueles que vêm de outras cidades e não têm condições de pagar aluguel.

O estudante cita como principais dificuldades encontradas a falta de uma estrutura física adequada. “A fiação elétrica é muito antiga e parte da casa não dispõe de eletricidade. Os banheiros estão em péssimas condições, com chuveiros quebrados e pias com vazamentos”, diz.

Conforme o acadêmico de Letras, as únicas formas de assistência dadas pela Uern são o pagamento do aluguel do imóvel, as contas de água e luz e o gás que é utilizado pelos estudantes, “fora isso, desconheço qualquer outra iniciativa”, enfatiza. Segundo ele, a Universidade e o DAE ainda estão longe de cumprirem o que deveriam de fato ser uma de suas funções: “tornar a residência um lugar digno para o desenvolvimento dos estudantes”.

No entanto, a falta de dinheiro não vem prejudicando somente os residentes, mas também a participação dos estudantes da Uern em eventos científicos. Segundo Kelânia Freire, dentro do custeio, há uma previsão de R$ 46 mil para esse fim. No entanto, em virtude de outros compromissos da Universidade, muitas vezes o dinheiro acaba sendo destinado para outros fins como pagamento de contas de água, energia, entre outros.

O DAE ainda oferece outros benefícios como atendimento psicossocial para os estudantes. Benefício pouco conhecido pela comunidade acadêmica. A diretora do departamento reconhece a falta de divulgação dos benefícios. O motivo também é motivado pela falta de dinheiro. “Até 2005, tínhamos o Salão do Estudante, que apresentava a Universidade aos estudantes. A realização ficava em torno de R$ 6 mil, mas os valores que são destinados ao custeio da Universidade não estão permitindo a continuidade do programa”, explica a professora.

Com relação à ampliação dos benefícios, Kelânia Freire esclarece que existe um programa que irá para aprovação do Conselho Diretor da Uern que conta com mais cinco auxílios. Trata-se do Programa de Apoio ao Estudante (PAE) que prevê os auxílios moradia, deslocamento, estágio obrigatório, alimentação e fotocópia. “Nossa intenção é aprovarmos o programa em uma rubrica própria do orçamento da Uern para 2013, porque em 2012 não há dinheiro para isso”, afirma a diretora.

Outros fatores também dificultam a permanência dos estudantes na Uern como a falta de um Restaurante Universitário, que garanta alimentação nutritiva aos estudantes. Além disso, os alunos ainda são obrigados a custear, juntamente com os professores, as despesas das aulas de campo, porque a Uern paga somente a metade dos dispêndios com combustíveis e diárias do motorista.

Enquanto o Governo do Estado insiste em suprimir o Orçamento da Uern, professores, técnicos e estudantes são penalizados com uma Universidade sem recursos para cumprir o seu papel social.

Fonte: ADUERN

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